Laurinha nunca teve problemas para dormir, aliás, era uma atividade muito bem vinda e mais, adorava tirar uma soneca depois do almoço. Corria para chegar primeiro na rede e pegar a maior, com listras amarelas e bolinhas vermelhas. Ficava na varanda de sua casa, era a melhor rede, próxima à janela do quarto da avó Izildinha. Sentia um cheirinho delicioso que saía do quarto. Parecia... huuummmm. Sabe aqueles pães? Que não podemos esperar o tempo de esfriar e queremos cair de boca? Laura ouvia de longe os berros da mãe que chamava a atenção para não comer o pão quente. Mas que nada, lá estava ela atracada numa enorme fatia, sem importar se faria mal para o estômago ou não. Complementava esse prazer passando a manteiga que tirava do fundo da geladeira, ficava sempre atrás do açucareiro. Isso mesmo, um açucareiro dentro da geladeira protegido das formigas doceiras e mais atrás ficava, muito mal protegida, a manteiga da vovó.
“Não pode comer a manteiga da vó Lauraaaaaaaaaaaaaaa!!! – gritava a mãe quando percebia o barulho na geladeira. A manteiga era da vó Izildinha. Na verdade não era que a Izildinha fosse alegar a falta da manteiga, mas os olhos de prazer pelo produto eram tão chamativos que ninguém tinha coragem de comer sem sua presença. Mas uma coisa podia dizer, ela era uma mulher muito inteligente e sabia distrair os netos nessa situação. Fazia um suco de morango como ninguém e mudava o foco rapidamente. Do pão para o suco! Era um truque que dava certo e contaminava o ambiente com o aroma doce-azedinho que só essa fruta tem.
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